23.8.06

Ai, que sacoooooo! Eu sou humana, fico de bode, de mau-humor, tenho problemas, unha-encravada, perco a hora, sabe, assim? Eu sou super-estruturada, mas tem horas que não, sabe? Porque simplesmente, não! Não dá, não insista. Tem momentos que eu sou minha e de mais ninguém, será que preciso pôr uma placa "Não me incomode"? Ora, veja bem, eu super amo as pessoas, mas quando eu tô escrevendo eu não tô pra ninguém, so sorry.

Aliás, sábado, 11 da noite, eu com sono, de pijama e cabelo molhado, deitada no sofá ouvindo "Barulhinho bom", quando ela, a musa, a inspiração, bateu na minha porta, toc-toc. E eu disse: "Entra, dona, há quanto tempo"! E nasceu uma canção (que alguns amigos disseram estar meio Zé Ramalho).

Ligo pra mamá: "Escuta a música que eu fiz".
Mamá: "Vc tá revoltada com o quê"?
Eu: "Por quê diz isso"?
Mamá: 'Esse negócio de anjos não tem asas, só tem cascas".
Eu: "Mãe! Isso é linguagem poética. Você tá parecendo a mãe do Cazuza"!
Mamá: "Por quê"?
Eu: "Porque quando o Cazuza escreveu "eu tô perdido, sem pai nem mãe", a mãe dele ficou puta".
Mamá: "Hahahahahahahahahahauahauahau".

Então, é o seguinte, a "música" (antes fosse, viu?) chama-se Mágoa. Segue letra abaixo. Seu Roger, agora podes comentar que ficarei lisongeada com a vossa crítica.

Os anjos não tem asas
Os anjos só tem cascas
Casca grossa cada dia
Vem mais fundo o fio da faca

Urucubaca zique-zira
Em mim respinga
A grande ira de todo mundo
Que já sofreu por amor

Você me diz que quer que eu te leve
Mas na minha dança só entra quem tira a camisa
E exibe músculo forte
Peito pra dar e vender

Teu coração comigo não pode
Nele as veias são vias em contra-mão
O teu sorriso é um horizonte indeciso
Enigma perdido de razão

8.8.06

Infinitivamente pessoal

A sinhá mandou avisar
Que tampouco pode olvidar
De um certo cheiro-travesseiro
Que embala seus sonhos ao ninar

Porquanto não sejas mais grosseiro
Cativo será teu viveiro
E de tão belo e delicado o recordar
Encarcerado será também carcereiro