4.11.10

Humano, demasiado humano

Acredito que a vida seja basicamente a mesma para todos e que a verdade seja uma só exposta em diversas linguagens e fragmentos, de acordo com características ambientais e pessoais.

O lance é que todo o conhecimento adquirido (de fato, relembrado) não ameniza as fraquezas humanas.

Tenho a sensação de ser uma das poucas pessoas despertas em meio a uma maioria de pessoas adormecidas. E é uma luta vã em alguns momentos, a saída de fato seria um isolamento maior, restringindo-me a convivência com pessoas com quem tenha bastante afinidade.

Incrível como ao transitar por diversas correntes filosóficas, chega-se a conclusão de que são tudo pedras do mesmo caleidoscópio.

O auge do meu egoísmo talvez seja querer ajudar como disse Raul Seixas. E isso é o maior sofrimento, porque as pessoas estão num nível de entorpecimento que parece que a dissonância é minha.

Hoje eu escutei “a sociedade tem seus padrões, e quem foge a eles, é um estranho”. Um ser humano não é uma ovelha num rebanho de clones. E mesmo os clones não são exatamente idênticos.

A frustração é não ser capaz de trazer à luz essas distorções que alimentam a infelicidade. Não faz sentido uma harmonia solitária. E uma andorinha só não faz verão. É uma sensação indescritível sentir-se dissociado do resto da humanidade.

O maior barato no melhor sentido da palavra é encontrar semelhantes. E encontrei pessoas que sentiam exatamente o mesmo. Sinal de que não estou só.

Como desafio, no entanto, a proporção de semelhantes é infinitamente menor do que de entorpecidos. E humana que sou perco as forças diante de tamanha correnteza. Pobre de mim que preciso tanto da atenção alheia e vivo a maior parte do tempo em lugares onde “todos estão surdos”.

Sim, todo mundo é gente, os nordestinos, bolivianos e demais diferentes também. As religiões idem, são todas unidas pelo fio do desenvolvimento espiritual, à parte costumes e convenções relativos ao tempo e espaço de sua origem.

Não vejo a menor dificuldade em ligar ciência e misticismo. A cada dia, a ciência afirma o que já era dito há milhares de anos.

Também não acho tão difícil exercitar a empatia ainda que no plano mental apenas. O que será que torna alguém de cabelo verde assim tão incômodo? Ou alguém que abortou? Ou alguém carente? Provavelmente, o incômodo vem do espelho na medida em que se reconhecem fraquezas comuns que continuarão no calabouço. E também da inveja da coragem em realizar desejos e vencer culpas que ficarão igualmente trancafiados.

OK, “seja uma pessoa gelada, uma pessoa clonada, ovelha Dolly, Dolly”. “Sua inteligência ficou cega de tanta informação”. “Hey amigo volte logo, venha ensinar meu povo, que o amor é importante, vem dizer tudo de novo.”


Um comentário:

Unknown disse...

Como sempre, adoro a forma como vc consegue expressar seus pensamentos e ideais!
Capacidade invejada por mtos e até por mim! huhaua Mas é invejinha branca! Te admiro e nao é de hj!
bjokas tchu