22.5.17

Meu amor, que saudade, meu amor, me desculpa!
Eu não era quem você pensou que eu fosse, na verdade eu tenho tentado me tornar desde antes de te conhecer. Mas minha  falta de pavio se atracou com suas contradições e aí explodi como nunca.
Relendo todas as nossas conversas, lembrando de como a gente se entendia e se acolhia...
Dói ainda, ficou uma reconciliação eterna comigo mesma e com nossa história.
Em algum momento você também me decepcionou, mas agora sinto que te amo apesar de tudo. É na decepção que o amor se valida...
O que dói é o saldo que ficou, não poder sequer falar com você. Isso é típico de amores fortes, mas no nosso caso parece apenas que é terror de mim mesmo. Já tinha tanta dor e conflito antes, depois que te procurei a dor ganhou um plus. O que antes era uma hipótese é real: você me despreza.
Fica um luto por uma história que tinha tanto carinho e amizade e acolhimento, e tesão, e pele, e encontro. E agora essa história é só uma tela em preto silenciosa como obra vetada pela ditadura.
Eu me sinto amordaçada, mas sei que é bom não te atordoar mais com minha verborragia. Minha cabeça ainda resgata a fantasia de conversar pessoalmente contigo, e de me humanizar, mostrar que foi muito duro porque eu deixei de saber quem é você... O mesmo aconteceu contigo, mas eu estava tão longe da sanidade que eu não te levava a sério. Sei que você experimentou o horror comigo.
Eu te traumatizei e te esgotei, mas eu só queria ao menos amizade, mesmo que distante.
O tempo todo quase fica um pêndulo entre nosso amor passsado e sua frieza presente, eu não entendo tanta frieza, eu não dou conta. Poderia ter ficado ao menos um pouco de carinho e consideração, mas eu me recuso a cobrar qualquer coisa. Não quero mais esse papel, essa roupa de criança mendigando... Dói a sensação de que eu passei como uma tempestade e não sobra espaço nem na borda do seu desenho de casinha com sol.

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